quinta-feira, 15 de março de 2012

Um Pólen!


Ouça Enquanto lê : Maria Bethânia - Mel

Quando abri a porta da cozinha vi uma abelha. Uma abelhinha bem pequena, e sorri com a dicotomia de sua vida. Se por um lado ela adoça a vida produzindo o mel, ela causa uma dor insuportável com a sua ferroada. E pra variar terminei fazendo uma analogia com o cotidiano das pessoas que nos cercam. Particularmente, gosto de pessoas diretas. Que dizem logo de uma vez e não guardam no peito, na mente ou no bolso, o que pensam, o que querem, e o que sentem. A depender do que dizem (e como dizem) podem ter (ou não) a minha simpatia, mas de todo modo conquistam o meu respeito.

É determinante pra o nosso crescimento que algumas vezes, seja necessário passar por situações desastrosas e provar o amargo da vida, para que então possamos aproveitar o doce. Eu acredito que já frisei bem essa ideia ao longo de outros post's, mas é porque de fato ela me diz muito sobre a vida e como devo levar. Estamos acostumados a sempre "correr atrás" dos nossos sonhos, de melhores condições de vida, etc... e talvez por sempre "correr atrás" não conseguimos êxito em maioria das coisas que perseguimos. Não devemos "correr atrás", devemos "correr na frente", nos adiantar ao que estar por vir, encarar a vida como um jogo de xadrez em já temos planejadas as próximas 25 jogadas, e torcer pra não precisarmos usar mais que 3 ou 4.

Mas voltando as abelhas (rs)... As abelhas são insetos sociais que vivem em colônia (hum) ... Em cada colméia existe uma abelha rainha, não duas, apenas uma. Se duas abelhas rainhas ou mais nascem ao mesmo tempo, elas brigam entre si até que uma mate a outra. Essa abelha rainha pode viver até 5 anos, enquanto uma abelha operária vive no máximo 2 meses. Dentre as várias organizações animais que eu já tive o prazer de estudar, sinceramente as abelhas me fascinam (Não mais que as tartarugas). As abelhas podem por colmeia abrigar de 60 a 80 mil abelhas operárias. A Abelha rainha em toda sua vida realiza apenas 1 único voo nupcial, onde ela libera um feromônio que atrai o "zangão", então ela lhe prende o testículo, e o morre "gloriosamente" após a fecundação. A abelha rainha, torna-se então hermafrodita, pois ela encontra-se fecundada pelo resto da vida.... Enfim, biologia a parte (rs)...

Durante a minha vida eu percebi que a busca por uma "abelha rainha" é vontade de todo ser humano. Vai dizer que você nunca quis que alguém se dividi-se em 60 mil pra cuidar de você?! Naqueles dias de preguiça e frio, que você não sonha nem em sair da cama, não queria alguém beijando seu corpo por inteiro, do calcanhar até a nuca, arrepiando cada poro do seu corpo, como se fosse arrancar sua alma a cada centímetro que a língua percorre?!

Eu não sei, qual é o tipo de vida que você vive, mas (in)felizmente(?!) eu não aprendi a viver pela metade. Tem coisas que você só deve viver (se quiser viver) nos extremos. Eu tento me resignar ao silêncio pra entender melhor os gritos do corpo. Eu tenho sangue nas veias que drenam o tempo inteiro em direções opostas, criam em mim um misto de sensações.

Eu penso nas pessoas, e nos jardins que tentei cultivar em cada uma. Nos jardins que consegui sustentar até que chegasse a temporada das flores. Penso em cada uma das flores que nasceram e desabrocharam, e penso nas que colhi, nas que pisei, nas que esqueci, nas que me alimentei do néctar, nas que reguei insistentemente. Mas sobretudo, penso nas ervas daninhas que trouxe na bagagem da mente, que me não me permitiu apreciar a beleza e o momento, que por várias vezes pensei ser efêmero. (ouve :) Leoni - temporada das flores) ... E isso dói, isso é um martírio, quando você passa a lembrar das coisas que você não conseguiu fazer dar certo, você esquece que o seu momento atual é um presente, e está sendo desperdiçado com lembranças de um passado que você não vai mudar.

Mas diante das coisas que não se muda, e não se configuram como parte da vida (ou pelo menos o lado feliz) eu penso no pólen. Aquele grãozinho bem pequeno, que modifica as abelhinhas. Enquanto elas pousam na flor, e retiram seu néctar, o pólen gruda nelas, e elas vão de flor em flor levando-o. E eu penso em pólen como pequenas atitudes, imagens e sons, pensamentos que possam clarear, ou preencher um fragmento do seu dia. Como algo bem fértil que vai iluminar suas trevas, e te aquecer por ao menos um instante.

Que vida estranha quando a gente para realmente pra observar...

que continue assim em partes, e que as outras partes não me modifiquem todo.
Um vídeo pra assistir depois que ler esse post (clique aqui)




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