Em uma rua estreita havia um mercadinho. No último corredor desse mercadinho, próximo aos utensilios domésticos havia uma caixa de isopor.
Era simples, apenas uma caixa de isopor, e estando ela entre tantas caixas térmicas de plástico e fibra, tinha se acostumado a idéia de que nunca saíria dali. Não conhecia seu potencial, julgava-se ineficiente já que nunca conseguiria provar o seu valor.
Certa vez, um transistante que passava pelo mercadinho, com pouco dinheiro resolveu comprar a caixa de isopor, para nos domingos de futebol e praia, poder curtir suas bebidas geladas em paz. Comprou, e retornou à sua casa feliz da vida, e a caixa de isopor que até então não sabia que havia nada além dos corredores do mercado, se viu diante do mundo.
A novidade era tamanha, e a primeira coisa que a caixa de isopor recebeu para se sentir ocupada foi gelo. Ela não sabia como ser diferente, e gelo era a única coisa que a ocupava, e ela fazia questão de preservar cada cristal congelado dentro de si. Em um segundo momento, a caixa de gelo recebeu garrafas e latinhas para guardar. Tamanhos e sabores diferentes, vindos da mesma pessoa. E era incrível como uma pessoa só motivava uma caixa de isopor, antes vazia a poder fazer o melhor em benefício de alguém que não ela. Porém a sede do rapaz era insaciável, e o abre e fecha da tampa era a maior dificuldade da caixa de isopor, que não conseguia trabalhar o suficiente para manter tudo gelado como gostava seu amigo.
As bebidas foram acabando pouco a pouco. O gelo foi derretendo, apesar do esforço da caixa de isopor. Sua importância foi diminuindo a medida que o rapaz colocava nela menos gelo e mais bebida. O rapaz começou então a pôr de lado a caixa de isopor, acusando-a de estar furada, desgastada ou impropérios do tipo. A caixa de isopor foi aceitando a nova condiçao, e agora tentava mais do que antes, provar que ainda podia saciar a sede de seu companheiro. E este achou uma solução mais viável: comprou uma geladeira mais espaçosa.
O isopor voltou a ser uma caixa vazia, em um quarto de bagunça no final do corredor de uma casa, em uma rua estreita, dessa vez com uma sensação incerta. Não a de vazio pelo vazio como antes, mas agora sentia-se vazio depois de ter sido completo.
(isaac silva - O fôlego)
Era simples, apenas uma caixa de isopor, e estando ela entre tantas caixas térmicas de plástico e fibra, tinha se acostumado a idéia de que nunca saíria dali. Não conhecia seu potencial, julgava-se ineficiente já que nunca conseguiria provar o seu valor.
Certa vez, um transistante que passava pelo mercadinho, com pouco dinheiro resolveu comprar a caixa de isopor, para nos domingos de futebol e praia, poder curtir suas bebidas geladas em paz. Comprou, e retornou à sua casa feliz da vida, e a caixa de isopor que até então não sabia que havia nada além dos corredores do mercado, se viu diante do mundo.
A novidade era tamanha, e a primeira coisa que a caixa de isopor recebeu para se sentir ocupada foi gelo. Ela não sabia como ser diferente, e gelo era a única coisa que a ocupava, e ela fazia questão de preservar cada cristal congelado dentro de si. Em um segundo momento, a caixa de gelo recebeu garrafas e latinhas para guardar. Tamanhos e sabores diferentes, vindos da mesma pessoa. E era incrível como uma pessoa só motivava uma caixa de isopor, antes vazia a poder fazer o melhor em benefício de alguém que não ela. Porém a sede do rapaz era insaciável, e o abre e fecha da tampa era a maior dificuldade da caixa de isopor, que não conseguia trabalhar o suficiente para manter tudo gelado como gostava seu amigo.
As bebidas foram acabando pouco a pouco. O gelo foi derretendo, apesar do esforço da caixa de isopor. Sua importância foi diminuindo a medida que o rapaz colocava nela menos gelo e mais bebida. O rapaz começou então a pôr de lado a caixa de isopor, acusando-a de estar furada, desgastada ou impropérios do tipo. A caixa de isopor foi aceitando a nova condiçao, e agora tentava mais do que antes, provar que ainda podia saciar a sede de seu companheiro. E este achou uma solução mais viável: comprou uma geladeira mais espaçosa.
O isopor voltou a ser uma caixa vazia, em um quarto de bagunça no final do corredor de uma casa, em uma rua estreita, dessa vez com uma sensação incerta. Não a de vazio pelo vazio como antes, mas agora sentia-se vazio depois de ter sido completo.
(isaac silva - O fôlego)
Nenhum comentário:
Postar um comentário