quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sempre-Viva, e chegou a primavera!






Tô relendo minha lida, minha alma, meus amores
Tô revendo minha vida, minha luta, meus valores
Refazendo minhas forças, minhas fontes, meus favores
Tô regando minhas folhas, minhas faces, minhas flores

Tô limpando minha casa, minha cama, meu quartinho
Tô soprando minha brasa, minha brisa, meu anjinho
Tô bebendo minhas culpas, meu veneno, meu vinho
Escrevendo minhas cartas, meu começo, meu caminho

Estou podando meu jardim
Estou cuidando bem de mim
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Hoje é dia 23 de Setembro, e a lei natural das coisas que rege os caminhos do mundo, fez com que a dança dos hemisférios nos trouxesse novamente a primavera. Dessa vez ela chegou com flores diferentes, girassol com espinhos. Eu não gosto de flores, porém duas me chamam atenção pois de certo modo, posso fazer uma analogia com minha vida, com minha realidade atual.

Antes de tudo eu gostaria de falar um pouco sobre uma flor peculiar chamada "Sempre-viva". Essa flor também é conhecida em alguns lugares por saudade-perpétua. Ela reproduz uma idéia que todos querem sobre o amor e o relacionamento, que seja eterno, initerrupto, mas nada é tão forte quanto o verbo, e nossos sentimentos são radicados na lembrança. Quando encontramos alguém queremos criar lembranças com ela, quando separamos buscamos esquecer, e as lembranças que antes eram motivos de ávidos sorriso, tornam-se flores espinhando o juízo. A saudade nos pára no tempo e espaço. Ninguém consegue sentir saudade e ao mesmo tempo pensar em coisas terrenas. Há dias eu vinha caminhando nessa direção, a saudade como guia, e os passos condicionados a seguir mesmo sem sentido. Lembro que dois posts antes desse, eu não suportei a saudade e tentei expressa-la aqui no blog.

A saudade pérpetua não existe quando a gente perde um grande amor, ou alguém que há muito se foi, não é preciso perder alguém pra sentir saudades. Eu só vou saber o quanto é dificil conter a saudade na hora em que eu olha-la nos olhos, sentir o coração disparar a ponto de sair da boca, a ponto de estourar o peito de uma vez só. E eu sinceramente não sei. Os dias estão mais compridos, o sono ficou escasso e por vezes pesado demais. Cada passo, pesa mil toneladas. Porém minha mente esvaziou, e eu estou tentando preenche-la pouco a pouco. Devagar pra não transbordar, e eu não me afogar em pensamentos. Quando não dá pra conter os pensamentos, é muito dificil freiar as lágrimas diante de uma forte lembrança. Andei lendo um pouco de Pablo Neruda (minha vida agora resume-se a encontrar nos livros um aval da inércia) e eis que me senti contemplado com os seguintes pensamentos sobre saudade:

"A saudade é amar um passado, que ainda não passou. É recusar um presente que nos machuca. E não ver o futuro que nos convida. É a solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já ..." (Pablo Neruda)

Vendo isso, senti-me compreendido. E entendo que quando a gente gosta de alguém e esse sentimento não cabe dentro do peito, termina vazando pelos olhos. Por isso a flor de Sempre-Viva. Não dá pra florescer depois de morto. Quando acaba, acaba. E fim. Mas se floresce após a morte, e ainda há a beleza de se ver, é porque não acabou. Felicidade, pode ser comparada a uma bola de futebol, muitas pessoas correm atrás a vida toda, mas quando finalmente conseguem alcança-la, colocam-na abaixo dos seus pés e a chutam. Por isso há a necessidade de se refletir acerca de tudo, tudo que há, tudo que vem, sobre o que fazemos de nossa vida, sobre o que e quem queremos conosco. Não dá pra aprender a nadar e querer manter os pés no chão ao mesmo tempo, é a leveza e o peso presentes na insustentável leveza do ser ( se não leu, leia ).

Refletir sobre isso, me faz chegar a segunda flor: Mandacarú. Mandacarú é uma planta que dá no meio do sertão, e sua flor só dura apenas um período noturno no meio da primavera. Ou seja, desabrocha durante a noite e murcha pela manha do dia seguinte. O que me chama atenção no mandacarú é que ele consegue resistir bravamente a secas intensas. A adaptação desse tipo de planta parece ser uma coisa de outro mundo, mas adaptação não é uma questão de vontade, e sim uma questão de necessidade. E temos a necessidade de que?! Eu tenho a necessidade de alguém com quem eu possa contar, me fazer presente pra que essa pessoa saiba que eu estou realmente disposto a fazer de tudo para ajudar. Eu tenho necessidade de sentir o carinho, o afago, o sorriso, o abraço, mas eu também tenho a necessidade que diferente a carência, é a necessidade de sentir que o amor nao é só carnal.

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