terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Insônia, Queixas e Bebidas

Beirut - Nantes

Eu ando pela casa, vou da porta da rua a porta do quintal
Abro a geladeira, fecho as janelas
deito na cama, olho pra o teto, fecho os olhos!
Pego um livro na estante, um copo no armário...
encho o copo com qualquer bebida, não bebo!
não fumo, mas vem uma vontade de tragar a vida inteira de uma vez.
Um nervoso que me bate, vontade de queimar a casa inteira, e consumir nas chamas!
espanco o peito, ouço os ecos de meu violão sem cordas
Grito absurdos, não ouço sequer meus deletérios.

As notícias do mundo lá fora chegam de todos os lados, me bombardeiam.
Me arrasam. Eu fico tonto com as atrocidades da evolução humana,
o carnaval ecologicamente correto com penas de espécies quase extintas.
4 dias de alegria pra 361 de injustiças, guerras, pragas.
Meu pai não me vê, minha mãe sequer faz idéia do tamanho da angústia!
Nem sei se isso é angústia, é ânsia, nem sei se isso se define.
Penso em minha menina, em minha amiga, em minhas crianças
será que elas entenderiam?

Eis que uma música se faz em minha cabeça
os labirintos viram fumaça. as palavras se encaixam.
Porta a fora a violência da rotina citadina me entrega a melodia
Os semáforos, os passos, a construção acelerada do prédio
os martelos me pregam no chão, e os pássaros de suas gaiolas assistem aviões no céu!
O metal distorce as nuvens, as nuvens pregam peças!

a liberdade termina por me limitar, sou livre nos sonhos...
mas sofro de insônia.
A cidade adormece, a programação está fora do ar,
Problemático, confusento, antipático, muitos adjetivos pra pouca pessoa
Metade dos que me vêem nunca me dirigiram a palavra,
Metade dos que já me dirigiram realmente ouviram o que eu disse,
Metade dos que me ouviram entenderam de fato o que eu quis dizer,
e as metades que sobraram, se dividem em metades, enquanto eu tento permanecer inteiro.
mas acabou o Whisky, a cerveja, o café, os remédios, a paciência, e agora josé?
só ficou a vontade de um beijo, aquele desconcertante
que cala a boca, emudece os anseios, relaxa a carne e revigora a alma.
Esse beijo, esse tipo de beijo me normaliza, e toda antipatia descrita acima nunca existiu!
até que os lábios se separem, os corpos se separem, de cômodos,
cidades, de mundos!

e até que nossas bocas se encontrem, e seu mundo seja o meu, continuo
pássaro preso na gaiola assistindo aviões no céu!

3 comentários:

  1. Nossa, que texto mais lindo...
    Viajei na leitura e me vi em cada linha.
    Parabéns por tamanha sensibilidade! ;-)

    ResponderExcluir
  2. Meu querido, cada vez que leio seus textos fico encantada pela forma como você escreve...adorei todos sem exceção..Parabéns! =)

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir