O ébrio.

é , realmente o mundo é um moinho. ele te tritura inteiro. tira sua força e gera força para sabe Deus o quê. com o passar dos anos, as ilusões são reduzidas, ficamos mais"realistas", e isso de todo não é uma coisa ruim. tem que cair pra aprender a levantar. mas vamos falar sobre ele, Nelson Canavieiras. você pode não o conhecer, mas talvez vocÊ apenas não frequente os lugares certos. procure nos cabarés, nas serestas,em vez em outra quase morto dormindo nas areias da avenida. ele segue as noites de sua vida de acordo com a rotina dos bares. Foi casado. poderíamos até pensar que isso justificasse a sua vida como Ébrio, porém ele mesmo diz, que está nessa vida mais por desgosto de si que dos outros. como seus pais queriam saiu de ilhéus para estudar as leis em Salvador. voltou da capital da federação um rapaz garboso, e cheio de vida, nada mudara, ilhéus ainda cidade de São sebastião onde mesmo depois da queda do cacau, o coronelismo era forte. Casou-se com Clara, amigas do tempo de infancia. fez riqueza defendendo os ex barões do cacau, politicos e alguns empresários. e quanto mais se saia bem desempenhando sua função, mais foi perdendo a fé em si. como era capaz de mentir pra defender homens que sabia da culpa? que tipo de homem ele seria para os filhos? e assim, bebendo socialmente, buscava no fundo de uma garrafa encontrar essa e outras respostas. saudades do tempo que era só uma garrafa. Sua vida tinha virado seu escritório e uma mesa no fundo de um bar no alto da Conquista. Não enchergava mais em Clara, a companheira que via nos primeiros anos de casado, ela tornara-se uma mulher omissa e indiferente à bebedeira do marido. Tudo estava bem, desde que ela tivesse em casa o conforto que tanto gostava. Nelson por sua vez, caía mais que folhas, e não tinha nenhum amigo de verdade ao pé de si, com quem pudesse compartilhar as suas lamurias. Uma noite disse a clara que dormiria no sofá, porque lá ele estaria mais aquecido que na cama com a frieza dela para com ele. Não, não pense que ele foi grosso, eu mesmo dou razão a sua atitude, Clara dizia o que queria no tom que queria, merecia ouvir, e a reação dela? esperou ele ir ao trabalho, arrumou suas coisas e foi-se ter com Aberlado, este há tempos frequentava a casa em ocasiões de ausencia do marido. mas quem sou eu pra insinuar alguma coisa?! numa terra onde cada palavra é tão amiga ao coração, você perder a audição é um martirio, e era assim que Nelson se sentia. Não conseguia mais ouvir uma palavra do que quer que fosse. os clientes oo deixaram. com pais falecidos e filho unico, sem um pinto para alimentar, bebeu. bebeu as garrafas. bebeus os livros caros de direito. bebeu os móveis da cozinha e os da sala de estar. os bancos levaram-lhe a casa, e ele cansado de defender, permitiu que tudo fosse embora. sobraram-lhe alguns ternos o dinheiro necessario para comprar um quarto no albergue de um amigo.

Conheceu Matilde, dona do cabaré que regou a sua vida de esbornea e boêmia. Em dias que o sentimento falava alto chamava por Clara, e esta nunca responderia. A esta altura devia domir nos braços de Aberlado. enquanto Nelson colecionava suas tristezas em expressões no rosto. agora bebia compulsivamente, bebia pra dormir e acordava pra beber, bebia para esquecer, mas não consegua esquecer o que quer que fosse, só lembrava que tinha que beber. pra findar a dor no peito. em uma noite, chamou a todos e pediu que dissesse o que achavam dele, pediu rosas, musica, e que o elogiasse, todos o vaiaram o e chamaram de bebado. naquela noite teve coma alcoolico. faleceu. em seu enterro os ex-advogados lamentavam a presença do "homem mais importante da regiao", os políticos choravam na frente das cameras de Tv, as Rameiras o chamavam de santo, e até a ex-mulher disse que aquele foi o homem mais justo que ja conheceu e que o amava demais. ninguem entendeu o porque das escrituras na sua campa "Nelson, o ébrio!", sabiam que ele bebia em vida, mas o porque eternizar esse fato?? Talvez caro leitor, nem você saiba, a não ser que precise de alguem que vá ouvir suas infelicidades quando estiver ébrio também.