segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Resumos de 1 minuto.


Trouxe na mala apenas as roupas , fotos da família e seus sonhos. As mãos apenas seu trompete, tocou na banda da escola e quando decidiu-se por pôr o pé na estrada, este foi seu companheiro. Mihai deixou a Maldávia havia pouco mais de 2 anos, chegou a salvador falando com seu sotaque pesado a língua nativa. era um rapaz de queixo largo, com cabelos negros e revoltos, teimavam em ficar no lugar, olhar distante, como se fosse mais um pesquisador que um sapateiro. tinha saudades do condado de Leova, lá crescera e se criara. pobre rapaz?? estava feliz por se ver livre do frio, no nevoeiro, e da igreja. Ah, a igreja. que pecado pensar assim, mas de qualquer forma se já estava condenado ao purgatório, que mal faria um pecadinho a mais hã?!

Magali descia sorrindo as ladeiras do centro histórico da capital baiana. 21 anos e uma beleza estonteante. das negras de sua familia era a mais bonita, e todos reconheciam e diziam: "ha que morena é essa?" ou ainda, "essa é a nega que mamãe pediu como nora!". porém os apreços fisicos eram o minimo diante a sua personalidade forte, não trazia troco para casa, dizia o que pensava a quem quer que fosse. criada na liberdade, não conhecia outro bairro melhor, mas trabalhava no pelô.

E eis aqui o ponto chave. o que esses dois tem em comum. a saudade daquilo que nunca viram. daquilo que nunca tocaram. e a ansiedade de pôr fim a esse sentimento. ela mais que ele. tipico do seu povo ele era frio, sério, acreditava no trabalho honesto e na moral precedida pelas atitudes. ela era espontanea, sorridente e acreditava que a pessoa tinha que ter moral pra levar a cabo as atitudes que tomava. se encontraram numa fila de banco. entre a pressa de todos pra ambos o tempo parou, e ele desejou que o ponteiro nao se atrevesse a mover um centimetro. ela amou o rosto sorridente dele, o terno e achou graça no Gel. tomaram uma cerveja, marcaram, se encontraram, e tudo seguiu como tinha de acontecer. o namoro, os beijos, o sexo, as promessas, o anel, e enfim a primeira briga. pensou em casamento?? eu tbm, mas nao seria condizente com a verdade. não eram bem do tipo que casam, mas do tipo que "ajuntam os trapos".

O coração dele gelou, na sua terra tivera outras mulheres mas com nenhuma sentiu tanto medo do depois quanto com essa. Ela ficou na casa de uma amiga no centro histórico, chorava muito, nao queria ficar em casa com medo que o tédio a matasse. de noite sonhou com as cores pulsando, uma banda tocando uma marcha linda, ela vestida a carater dançava na rua, confeites, fantasias, o pierrot, o rei momo, todos indicavam uma janela ao final da rua, que ela deslizava...

o sonho acabou, mas o som da banda não, agora é só um trompete. solitário, ao pé de sua janela. um pedido de desculpas nas notas do sopro, um folego que é o esforço pra dizer as palavras que a garganta represa. ela abriu a janela, ele sorriu, e não existe emoção pôr em palavras o que os olhos presenciaram.


Nenhum comentário:

Postar um comentário